#42 Sobre solidão (e solitude)
O que já rolou por aqui…
Edição #40 - Sobre influência
Edição #41 Sobre tomar decisões
"A linguagem criou a palavra solidão para expressar a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho.” - Paul Tilich
É como sempre falamos… Nessa vida, tudo é questão de perspectiva e equilíbrio, né?
“Aprenda a ficar sozinha”, “seja sua melhor companhia”, “ficar só é viciante, depois que você descobre o prazer da solitude, não quer mais lidar com as pessoas”.
Não sei se estou muito fechada na minha bolha, mas vlogs de auto date e rituais regados de velas, cremes, taças e comidas instagramáveis para uma pessoa só estão tomando conta do meu feed, assim como as frases motivacionais à la Clarice Lispector.
Você já deve ter esbarrado em conselhos ou conteúdos como esses por aí…
Sinto estarmos próximas do momento em que “solitude” será a palavra do ano, estampada em camisetas e tatuada em pulsos assim como o best-seller “I love SP”.
Será que as mulheres finalmente abandonaram o ideal do amor romântico e descobriram que são uma laranja inteira?
Eu sou otimista quanto a isso, apesar da crescente onda sobre polaridade feminina e masculina que parece ser uma roupagem nova para o discurso machista proferido desde a época das revistas Capricho, Atrevida e antecessoras.
Mas o que tem nos feito preferir a solidão à companhia do “par perfeito”?
Após décadas de submissão, fantasias e abusos (ainda persistentes), descobrimos ser capazes de ocupar espaços além da cozinha e da lavanderia, possuímos outras habilidades além de mãe e Barbie dona de casa.
Somos empresárias, astronautas, palestramos para milhares de pessoas, assumimos cargos políticos e por aí vai…
Também estamos descobrindo que não precisamos ser salvas e podemos ocupar outros corpos, roupas, sem um termo de exclusividade ou etiqueta. Avançamos em direitos, em consciência sobre nosso potencial e sobre a existência de uma vida além do amor.
Até aí tudo bem, né? Nada de errado. Mil vezes a solidão ao vazio de uma vida servil.
Mas o que tem me preocupado em uma porcentagem dos discursos pró autossuficiência é o nível de intolerância embutido.
Ao afirmar que não precisamos de ninguém para sermos felizes e elevarmos nosso filtro, podemos confundir a liberdade conquistada com a autodefesa pelo medo de se ferir em contato com o outro.
Algo parecido com o que a escritora e pesquisadora Asa Seresin cunhou de "hétero pessimismo", o fenômeno contemporâneo da “expectativa de que a experiência heterossexual será decepcionante, negativa ou lamentável.”
Ou à medida que você descobre o seu valor e aprende a impor limites, começa a nutrir raiva pela forma como já foi tratada e a disposição para se envolver é esvaziada.
Não quero tirar aqui a responsabilidade dos homens por seus comportamentos deploráveis, nem preciso citá-los pois só de falar já deve ter surgido vários na sua mente. Eu vibro de alegria quando vejo uma mulher se desvencilhar de um relacionamento abusivo ou de aceitar migalhas sem medo de ficar sozinha.
O meu ponto (e senta que lá vem frase clichê), é que nós somos seres sociais, precisamos do convívio para o nosso bem-estar e evitar se relacionar por medo de como você fica em contato com o outro não é liberdade.
Como diz Colette Dowling, no livro “Complexo de Cinderela”:
“A mulher que se libertou tem mobilidade emocional. Ela é capaz de mover-se em direção às coisas que lhe são gratificantes e distanciar-se das que não são. [...] Sua autoconfiança deriva de uma avaliação realista de suas limitações e capacidades [...] Para alcançá-las, teremos que renunciar às dependências que temos usado qual muletas para para sentir-nos segura”.
A armadilha aqui é transformar a solidão em uma nova muleta.
Pois é até “mais fácil” se isolar do que lidar com os sentimentos despertados pela troca, pelo convívio com um ser que foge do seu controle. Se não há estímulo, não há reação. E eu não me refiro somente às experiências afetivas/amorosas, mas qualquer tipo de conexão. O segredo está na dinâmica como essas trocas se dão e em como lidamos com as reverberações dentro de nós.
Porque você pode até se afastar e dizer “estou ótima assim”, mas no fundo sentir falta de ter amigas para ir ao bar e desabafar sobre a semana, ter o apoio e suporte da sua família para encarar com os perrengues da vida, ou entrelaçar seus pés com o de alguém debaixo do edredom em um dia frio.
Em algum momento a solidão, como diz Alceu Valença, “irá nos devorar e fazer nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no coração”.
Será que você precisa lidar com tudo sozinha?
A solitude é o reconhecimento dos seus limites, não uma linha de chegada onde você ultrapassa e nada mais te abala, a carência não existe e você vai viver o seu "felizes para sempre" solo.
É como um fluir entre os mundos. Uma dança de vulnerabilidade consigo e com o outro.
De poder escolher se compartilhar ou não, por ser capaz de lidar com os próprios conteúdos internos e ser responsável por si, pelas suas necessidades e se conhecer. Reconhecer o valor da sua companhia, sem a invalidar mediante outras presenças ou diminuir o tamanho de outras.
Não é fácil, eu sei, mas nós não precisamos de mais uma verdade absoluta sobre o que devemos sentir ou fazer. É cruel e injusto.
Como diz John Cacioppo no livro “Solidão: a Natureza Humana e a Necessidade de Vínculo Social", cada pessoa possui uma necessidade de interação e isolamento diferente, uma trajetória única que diz muito sobre como reagimos e percebemos os eventos.
Não se obrigue a viver só em um lado.
Quando a gente aprende a se amar, nós transbordamos e a melhor forma de não desperdiçar esse amor é compartilhando.
E por falar em compartilhar, aproveita e já encaminha a Sofia pra quem pode gostar! O texto de hoje, escrito pela Nancy do perfil @umtemposozinha tá com reflexões bem legais!
Pra ver: Com protagonista feminina e uma trama daquelas que envolve Casa Branca e Pentágono, a série The Diplomat tá aparecendo entre os títulos mais vistos da Netflix já tem uns dias. Boa opção pra maratonar no feriadão!
Pra ouvir: Todas as minhas bolhas tem falado do podcast Não Inviabilize, comandado pela Déia Freitas. Segundo a sua própria descrição, o programa é um "laboratório de histórias reais".
Pra ler: A Nancy, nossa parceira de hoje, lançou uma news gratuita. Se você curte esse formato e tem interesse pelo tema, recomendamos que se inscreva:
Sim, como você já deve ter visto por aí, estão liberados os memes com Mercúrio Retrógrado, porque *aquele que é o mais temido*, voltou.
O astrólogo Alexey Dodsworth deu algumas dicas para tudo fluir de um jeitinho mais tranquilo durante o período, que vai até 15 de Maio.
Você deve acessar seu Horóscopo Personalizado, anotar a Casa Astrológica onde aparece Mercúrio e voltar aqui para ver o que mais se aplica no seu dia a dia de acordo com o seu mapa:
Casa 1: Evite expor demais suas opiniões nas redes sociais durante este período.
Casa 2: Busque adotar uma postura mais conservadora em relação a investimentos e evite compras ou vendas importantes.
Casa 3: Verifique se as informações que recebe e compartilha são verdadeiras, e evite viagens e passeios arriscados.
Casa 4: Questões familiares passadas podem surgir, mas respeite a vontade das outras pessoas e resolva apenas o que for possível.
Casa 5: Tenha cuidado com o retorno de pessoas do passado e evite reatar relacionamentos neste momento.
Casa 6: Preste atenção aos sinais do seu corpo, pois pode perceber mudanças necessárias.
Casa 7: Evite assinar contratos importantes e iniciar novas sociedades ou relacionamentos durante este período.
Casa 8: Traumas podem ressurgir, mas isso pode ser bom para você cuidar ainda mais da sua saúde mental.
Casa 9: Evite viagens longas e faça planos alternativos caso algo dê errado.
Casa 10: Tenha paciência com sua carreira e evite mudanças profissionais neste período.
Casa 11: Evite mudanças em seus planos de futuro, como investimentos.
Casa 12: Evite socialização e exposição excessiva, tanto pessoalmente quanto nas redes sociais.
Ah, só mais uma coisinha….
Será que a Taylor Swift e o piloto de F1 Fernando Alonso realmente estão se conhecendo melhor? Apurando…
Sofia 💅
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