#13 Sobre rivalidade feminina
O que já rolou por aqui…
Edição #12 - Sobre o medo de ser sozinha para sempre
Edição #11 - Sobre alma gêmea e atração
Acolha outras mulheres. Celebre outras mulheres. Empodere outras mulheres. Não somos rivais e, sim, aliadas.
Talvez você, leitora, fosse criança quando um escândalo tomou conta de Hollywood: Brad Pitt, que era casado com Jennifer Aniston, apareceu namorando sua co-star em um filme, Angelina Jolie. E foi o bastante pro mundinho celebs explodir.
A mídia caiu em cima, as pessoas também e rapidamente se formaram os times #TeamJennifer e #TeamAngelina.
Por anos, Angelina foi a “destruidora de lares” e Jen, uma coitada que sofreria o resto da vida por causa disso.
Cauã, Grazi e Isis Valverde. Paolla Oliveira, Joaquim Lopes e Thais Fersoza. Aaron Carter, Hilary Duff e Lindsay Lohan. Ben Affleck, Jen Garner e “a babá”. Khloé Kardashian, Tristan Thompson e Jordyn Woods…
Praticamente todos os triângulos amorosos que crescemos vendo na Malhação, em comédias românticas e contos de fadas da Disney, ganharam forma na vida fora das telas.
E sabe o que todas essas histórias têm em comum?
uma mulher vítima (a “princesa”);
uma destruidora de lares (a “bruxa”);
um homem adulto isentado de culpa.
Com a ascensão do feminismo, o movimento #girlpower e depois de termos quase enjoado de ler o termo sororidade por aí (alô, Manu Gavassi), nos deparamos, na semana passada, com o lançamento de uma entrevista da Hailey Bieber, que, após muitos anos de casada, resolveu falar um pouco do seu relacionamento com o marido, Justin Bieber (e já aviso: nós somos team #queos3sejamfelizes!).
O relacionamento deles foi interpolado com um namoro iô-iô de anos entre o cantor e Selena Gomez.
Hailey se explicou. Teve que dar satisfação da sua vida pessoal, dizer que não ficou com Justin enquanto ele estava com Selena. Dizer que nunca brigou com Selena, que deseja tudo de bom pra ela, etc, etc, etc.
Mas óbvio que não foi o bastante.
"Ah, mas ela aprovou previamente as perguntas", "Ah, mas que coincidência ela vir falar sobre antes da Selena lançar o documentário"...
(E, bom, não vamos nem comentar o fato da Hailey ter sido reduzida somente a esposa do Justin Bieber porque isso é papo para outra newsletter…)
O nível dos xingamentos pode ter melhorado, mas ainda somos as meninas que cresceram vendo a dualidade da princesa contra a bruxa e, inconscientemente, estamos tentando preencher esses papéis.
A boa e velha misoginia tá ali, procurando qualquer brecha para desqualificar uma mulher, sua carreira e até sua aparência.
Já diria Chimamanda Ngozi Adichie, nossa kinga, “nós criamos mulheres para ver a outra como concorrentes, não para trabalhos ou conquistas - o que poderia ser uma coisa boa - mas pela atenção dos homens”.
Se as mulheres envolvidas já seguiram em frente porque é tão difícil para as pessoas fazerem isso também?
Por que AINDA sentimos prazer em ver uma mulher sendo colocada contra a outra? Por que isso AINDA vende tanto?
Ok, a gente sabe que a competitividade em si é um sentimento genuíno e inerente ao ser humano.
Então, é normal que sintamos vontade de competir quando falamos de mercado de trabalho, esportes, quando você tá jogando aquele War com os amigos ou até mesmo quando a gente assiste Gossip Girl e quer escolher qual personagem somos, a Blair ou a Serena.
Mas, no mercado de trabalho, quantas mulheres você já não ouviu repetindo aquele discurso de que preferem ter chefes homens, pois mulher junto “dá muita confusão”? Ou que mulher é mais "difícil de se trabalhar"?
Não é estranho como somos incitadas a começar a relação já desgostando uma da outra?
Não é estranho que os homens tenham um pacto coletivo de proteção entre eles enquanto mulheres atacam umas às outras com muito mais facilidade?
Fala sério, no fim do dia tudo se resolve pra eles com um futebol na quarta-feira com os amigos e uma cervejinha. Enquanto a gente sofre praticamente uma guerra fria com outras mulheres a troco de nada.
Mas quais são possíveis soluções pra quebrarmos esse ciclo vicioso (e até inconsciente)?
#1 O bom e velho amor próprio
Segundo a doutora em filosofia e autora do livro sobre rivalidade feminina “Behind Frenemy Lines”, Dra. Amber Tichenor:
“Você tem que se amar para amar outras mulheres. Se a voz na sua cabeça fica dizendo que você não é boa o bastante, ela vai dizer o mesmo de outras mulheres. Se você olhar para mulheres confiantes que têm círculos legais, as chances são grandes de elas se sentirem muito bem em sua própria pele”.
#2 Entenda a diferença entre não gostar de uma mulher x cair na armadilha da rivalidade feminina
Muita gente pode ler esse texto e dizer “tá, sou obrigada a gostar de todas as mulheres agora?”.
De forma alguma.
É da natureza humana gostar e desgostar de pessoas e você não precisa - e nem deve - gostar de todo mundo (até porque se alguém me obrigar a gostar de criadora de conteúdo isentona a gente vai brigar…).
Mas quando você sentir aquela vozinha dizendo que “seu santo não bateu” com o de outra menina por razão NENHUMA, vale a reflexão: é “energia” mesmo ou são só os anos de cultura de rivalidade feminina jogados no seu subconsciente?
E também se questione nos seus julgamentos.
Essa pessoa é "sem sal", "sem graça" por quê? O que ela fez para você achar isso?
Nós realmente tentamos conhecer a pessoa? - Caso real: Eu achava a Taylor Swift sem sal e hoje sou a maior cadelinha dela (obrigada sócia Isa).
#3 Seja a mudança
Clichê, mas façamos o exercício de não alimentar esse sentimento (nem na gente e nem em amigas/colegas).
Recepcione mulheres em ambientes novos (em grupos de amigos/trabalho) e não alimente ódio por uma mulher só porque vocês já gostaram do mesmo cara (!!).
Uma coisa é certa: na guerra irracional entre mulheres, a gente sai perdendo. Saímos enfraquecidas, nos achando menos inteligentes, menos bonitas, menos dignas.
Isso não é um chamado estilo famosas-cantando-Imagine pra darmos as mãos e nunca mais desgostarmos de uma mulher na vida.
É um convite pra olharmos para dentro e questionarmos por quais razões alimentamos ódio por outra mulher.
Energia ou patriarcado? Vamos cuidar com as armadilhas.
Pra ver: Eu fiquei obcecada por esse documentário e ainda não consegui falar sobre isso, mas gente, a noia que foi o Woodstock 99 merece ser comentada. O ano é 1999, você está indo para o maior evento do mundo naquele ano. Um evento de 3 dias que você vai curtir shows, dormir lá acampado e curtir com seus amigos. Até aí só parece jogos universitários, certo? Porém aquela festa virou um desastre. Cortes de custos como abastecimento de água, rede de esgoto, falta de comida, falta de segurança, artistas incentivando violência e um tempero especial: uma galera jovem usando muitos aminoácidos…adivinhem? O que era pra ser um rolê maneiro virou o lixão da mãe Lucinda. Vale a pena conferir. São 3 episódios e muuuita indignação - na Netflix.
Pra ouvir: Na nossa última edição pedimos indicações de podcasts pra vocês (obrigada pelas dicas!) e, entre os nomes que apareceram, separamos duas: Pra dar nome às coisas e Avesso Podcast.
Pra ler: Que Lemonade, da Beyoncé, é um dos melhores álbuns da música dos últimos anos a gente já sabe, mas vocês já viram uma análise completa da história que ele carrega? O jornalista Arthur Anthunes fez um dossiê completo na Revista Eolor e duvido você ler isso e não achar a Beyoncé uma gênia.
Claramente a situação do país não tá lá essas coisas para sair comprando, então a gente compra o que realmente urge a necessidade.
Após quebrar a sua ring light #RIP, a Isa fez a compra de um suporte de Iphone icônico e repôs o estoque do seu lip-tint bom, bonito e barato preferido, o da Bruna Tavares.
Já a Tutty, como uma grandíssima ansiosa que arranca pelezinha da boca 50x por segundo, achou a pomada milagrosa para ajudar na cura dessa comorbidade (e ela tá com 40% de desconto).
Ah, só mais uma coisinha….
Se você ainda não foi no cinema ver A Mulher Rei, por favor, vá. Conceito, coesão e aclamação que vão além da atuação de Oscar da Viola.
Inspirado em eventos reais, o filme conta a história da Agojie, uma unidade de guerreiras composta apenas por mulheres que protegiam o reino africano de Dahomey nos anos 1800, com habilidades e uma força diferentes de tudo já visto.
Era uma por todas e todas por uma. Sem rivalidade feminina, viu? rs
Sofia 💅🏻
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